Ministro da Indústria e Comércio visitou as instalações da Textang II em Maio deste ano © Fotografia por: Alberto Pedro | Edições Novembro
A área de produção abarca os municípios de Cunda-dia-Base, Cahombo e Quela, nos termos do acordo de 10 anos renováveis, assinado em Cunda-dia-Base pelo director do Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas, Carlos Chipoia, e pelo assessor técnico da IEP, António Parsons, noticiou a Angop.
A retoma da produção ocorre 37 anos depois da interrupção, com base num contrato que abarca a distribuição de inputs agrícolas e preparação mecanizada, pela empresa, de mil hectares para serem repartidos por 700 famílias camponesas, que vão ainda beneficiar de formação para dar início à sementeira em Janeiro de 2022.
O director técnico da IEP considerou que a formalização do acordo representa um marco na evolução da cadeia de valor do algodão no país, anunciando que a companhia conta com um fundo de arranque de mais de um milhão de dólares.
Nos próximos tempos, prosseguiu, a empresa vai estender a produção algodoeira para a comuna de Quizenga, município de Cacuso, e instalar máquinas de descaroçamento, algo que poderá reduzir a importação dessa matéria-prima.
A Textang II gasta somas avultadas na importação anual de 100,5 mil toneladas de fibra de algodão, correspondente a 21 mil toneladas de algodão bruto, de acordo com António Parsons, que avançou previsões de uma produção de 10 mil hectares e colheitas de umas 50 mil toneladas de algodão bruto dentro de três anos.
O governador de Malanje, Norberto dos Santos, destacou, no acto de assinatura, a importância da reactivação da produção de algodão na Baixa de Cassanje, tendo em conta o histórico de região de alto rendimento.
Já o responsável do Programa Nacional de Algodão, Carlos Canza, desafiou outras empresas a apostarem na retoma desta cultura nas demais províncias com alto potencial, com realce para Benguela, Bengo e Cuanza-Sul.
A província de Malanje, que já figurou como a maior produtora de algodão do país, conta com 250 mil hectares na região da Baixa de Cassange, disponíveis para o cultivo de algodão.
Aposta na auto-suficiência
A primeira vez em que a IEP revelou o projecto de entrada na produção de algodão foi em Fevereiro do ano em curso, depois do desfecho do concurso público que, em Setembro de 2020, levou a empresa a obter a adjudicação da gestão da Textang II.
No acto de recepção das chaves da fábrica, do Instituto de Gestão de Activos e Participações de Estado (IGAPE), a companhia declarou ter, já naquela altura, investimentos de 15 milhões de dólares no relançamento da produção de algodão em Angola.
Naquelas declarações, a companhia afirmava ser importante continuar o investimento, por considerar que, para relançar o mercado, é fundamental que o algodão seja cultivado em Angola, um país que tem potencial para ser auto-suficiente na produção da matéria-prima e na exportação de bens industriais acabados saídos daquela e de outras têxteis angolanas.
Com capacidade para empregar 700 trabalhadores, a Textang II iniciou a operação com 370 vagas preenchidas, tendo o objectivo de completar a oferta de em-prego na medida do crescimento da fábrica.
A IEP opera a Textang II depois de ter obtido a adjudicação da unidade, no âmbito do concurso publico de privatização nº1/20, realizado entre Maio e Setembro de 2020 para a adjudicação de três unidades têxteis construídas ou reabilitadas com fundos públicos, além das Textang II, a Comandante Bula (ex- Satex), localizada no Dondo, Cuanza-Norte, e a África Têxtil, de Benguela.
A IEP, uma empresa angolana, paga pela exploração da Textang II uma renda anual de 845 milhões de kwanzas ao Estado, com opção de compra do património, no fim da vigência deste contrato de oito anos.
Fuente: Jornal de Angola